Uma proposta de ensino, luta e resistência: conheça o CIEJA Perus I.
As professoras das disciplinas Educação Inclusiva e Gestão Curricular, Planejamento Escolar e Projeto Educativo do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades levaram seus alunos a uma visita técnica ao Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA Perus I), na Zona Noroeste da cidade de São Paulo. O projeto teve à frente as professora Franciele Busico Lima e Ângela Di Paolo Mota, docentes do curso de Pedagogia do Singularidades e diretora do Centro. Os alunos conheceram as equipes gestora e docente da escola, os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), as salas de aula e a Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), que conta com uma Professora de Apoio Educacional Especializado (PAEE), responsável pelo trabalho de inclusão da instituição. À partir disso, os alunos do curso de Pedagogia tomaram parte de uma oficina, na qual puderam elaborar recursos pedagógicos adaptados para a inclusão, que seriam doados à Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da unidade educacional. O objetivo desta atividade foi promover a aprendizagem e a elaboração de recursos pedagógicos adaptados para a inclusão, ampliar a formação de professores de forma ética e cidadã, conectando as práticas acadêmicas às demandas sociais de uma comunidade real, por meio de ações de extensão universitária. A importância do CIEJA Perus em São Paulo Na rede municipal de educação de São Paulo, cada CIEJA é um Centro Educacional voltado à educação de jovens e adultos, que promove ações educativas, levando-se em conta as características especificas da população atendida. Os CIEJAS promovem novas formas de ensinar e aprender, das escolas regulares. São reconhecidos como espaços de aprendizagem, inclusão, lazer e cultura, além de proporcionarem discussões sobre o mundo do trabalho, da cidadania e o convívio entre diferentes gerações. A criação do CIEJA PERUS I se deu a partir da constatação do alto índice de analfabetismo jovem e adulto na Região Noroeste da cidade, além da elevada taxa de evasão escolar a partir do Ensino Fundamental II. O início de suas atividades foi em 22 de fevereiro de 2016.O bairro de Perus tem uma história única, que foi abordada e discutida diariamente por meio do currículo do CIEJA. Movimentos ligados à antiga Fábrica de Cimento Perus-Portland, às valas comuns da ditadura no cemitério local e ao movimento popular para a retirada do lixão do bairro já fazem parte da memória local e são de conhecimento público. Perus se configura como um local de luta e de resistência histórica e geograficamente e, como tal, carecia de um equipamento público que garantisse o ingresso e a permanência de jovens e adultos que, por algum motivo, não tiveram a oportunidade de concluir o Ensino Fundamental na “idade certa". Aos poucos, a unidade educacional passou a ser conhecida pela comunidade local, além de bairros e pequenos municípios próximos. Atualmente, conta com mais de 900 alunos, distribuídos nos seis períodos de atendimento. Um dos diferenciais do CIEJA Perus – que foi sendo planejado e implantado ao longo de 2016 e 2017 – foi o atendimento às pessoas com deficiência. Notou-se que elas desistiram da escola já na infância, por não haver políticas públicas de apoio à sua permanência ou, até mesmo, por nunca haverem passado pela escolarização em nenhum momento de suas vidas. A contribuição dos alunos do Singularidades os alunos do curso de Pedagogia puderam colaborar para a produção e a doação de recursos que, de acordo com Professora de Apoio Educacional Especializado (PAEE) do CIEJA Perus I, seriam necessários para atender os 48 estudantes com deficiência da escola, ajudando na produção e no fornecimento de recursos pedagógicos apropriados e específicos para as necessidades de aprendizagem deste grupo. Os estudantes do Singularidades puderam aprender não apenas como se planeja, mas também como se elabora recursos pedagógicos adaptados para a inclusão e para o trabalho com as diferentes necessidades de aprendizagem. Para a realização da oficina, foram utilizados diversos materiais recicláveis como folhas de papel, EVA, entre outros necessários à elaboração dos recursos pedagógicos. Jogos que trabalham competências e habilidades relacionadas ao raciocínio lógico-matemático, fundamentais ao apoio ao processo de alfabetização, à noção espacial, à atenção, à memória e à coordenação motora foram elaborados pelos estudantes. Após a realização da oficina, foi realizada a entrega oficial dos materiais elaborados pelos alunos para a Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) do CIEJA Perus I, que foi recebida pelos professores, pela diretora e por alguns alunos. A experiência confirmou a necessidade da formação de professores para o trabalho com a Educação Inclusiva e também com as diferentes necessidades de aprendizagem. Também aponta para a necessidade de aproximar a formação de professores das escolas de Educação Básica, entendendo suas necessidades, problematizações e desafios cotidianos. A atividade permitiu aos alunos do curso de Pedagogia entrarem em contato com demandas reais, problematizações e desafios cotidianos de uma comunidade escolar, pensando em formas potentes de resolvê-los. Ângela Di Paolo é doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP. Também é Coordenadora do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia: Práticas Educacionais e Contextos de Intervenção do Instituto Singularidades. Franciele Busico Lima é bacharel em História e mestre em Estética e História da Arte pela Universidade de São Paulo (USP), além de diretora do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos – CIEJA Perus I, na rede municipal de ensino de São Paulo. É professora da licenciatura em Pedagogia do Instituto Singularidades.
Texto publicado no site do Instituto Singularidades no dia 28 de Maio de 2019 e escrito por Ana Karla; na ocasião de uma visita técnica, os alunos de Pedagogia do Singularidades puderam colaborar com a elaboração de materiais inclusivos para os alunos do CIEJA Perus I, na região noroeste da capital paulista.